NÍVEA MARIA GOMES ARAÚJO
"As mulheres podem sim ocupar os espaços formais de exercício da democracia".
Formada em Letras Vernáculas pela UEFS, Pós-graduada em Língua Portuguesa, Graduanda em Gestão Pública na UFRB. Nívea, como é mais conhecida, dirige o CERMN com afinco, profissionalismo e sempre buscando parcerias com a comunidade. Com apenas 36 anos, a jovem educadora se diz inquieta com as questões sociais e buscou na religiosidade cristã os primeiros passos para uma consciência crítica do mundo que o cerca. Além da luta política, a professora Nívea Maria adora ouvir música, navegar na internet, ver filmes, estar com minha família e amigos e, claro, ler. Vale a pena acompanhar!
Blog: Nívea, se fosse para escrever um prefácio sobre a sua biografia o que você abordaria?
No início da década de 90, os grupos de jovens da Igreja Católica ainda eram formados com uma grande influência da Teologia da Libertação, que pregava uma fé engajada, fé com ação. Foram nesses espaços da PJMP (Pastoral da Juventude do Meio Popular) e das CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base), em Mairi, que se deu minha formação política inicial. Na vivência de grupo, nos encontros de formação, nas visitas às comunidades, nas atividades para a juventude, construí minha identidade e sabia que não podia mais recuar, que tudo que fizesse em minha vida, deveria ter um propósito coletivo maior, de transformação social. A partir da PJMP e de outras entidades organizadas, rurais e urbanas, em 1995 participei diretamente da fundação do Partido dos Trabalhadores. Entendíamos que se quiséssemos mudar algo, deveríamos procurar os meios de ocupar os espaços formais, para além do movimento social. Em Feira de Santana, no final da década de 90, fiz parte da Cáritas Diocesana, entidade ligada à CNBB, que desenvolvia na diocese trabalhos voltados para a prevenção de DST/AIDS e acompanhamento de soropositivos. Além disso, também desenvolvia trabalhos relacionados à convivência com semiárido. Sempre fui uma inconformada nata. Com as injustiças, com a permanência das coisas. Eu gosto mesmo é do movimento, da mudança.
Blog: Atualmente transferiu sua cidadania para Serra Preta. Como uma jovem de Mairi veio a construir laços por aqui?
Nos anos 2000, cheguei em Serra Preta. O primeiro encontro regional do Partido dos Trabalhadores que participei foi no Bravo. Lá estavam Jaques Wagner, Walter Pinheiro, Waldir Pires, Zilton Rocha, Zezéu Ribeiro e tantos companheiros que hoje ainda continuam na luta. Nessa época, ainda me apresentava como representante de Mairi. Ainda era filiada lá e ainda participava das atividades do Partido. Foi muito duro sair, “expatriar-me”. Essa é uma sensação que grande parte dos jovens que vivem nas pequenas cidades da Bahia experimenta até hoje. Deixar sua vida, seu caminho, sua história pra trás, pra construir outra vida, outro caminho, outra história não é fácil. Infelizmente, as grandes cidades ainda concentram serviços e postos de trabalho. Essa escolha por Serra Preta tem a ver com um desejo de voltar. Voltar pra um lugar onde você pode fazer parte de uma comunidade, pode ajudar essa comunidade a ser melhor, e pode aprender a ser melhor com ela. E assim foi. No meu trabalho, sempre busquei fazer como aprendi no movimento social, como aprendi nas comunidades. Em Serra Preta, me sinto em casa.
Blog: Eu estudei no CERMN e por muitos anos, a escola era uma instituição fechada, controlada por uma casta. Lembro-me que a primeira reunião entre Direção e alunos foi provocada por mim e minha turma do terceiro ano em 1994. Recentemente, você surpreendeu, assumindo a Direção através de eleição. Quais fatores tornaram possível tal conquista?
As mudanças feitas no governo Jaques Wagner permitiram uma rotatividade na ocupação dos cargos comissionados. Inicialmente através de indicação e seguidamente pela Eleição Direta de Gestores Escolares. Esse foi um momento ímpar de exercício de um dos aspectos da democracia, que é o voto. Minha trajetória no CERMN sempre foi marcada pela proximidade com o Movimento Estudantil. Na criação do Grêmio Livre Antonio Conselheiro, colaborei com os meninos e meninas, a partir da minha experiência pessoal com grêmio, quando era estudante e participava da Pastoral da Juventude. Acredito que esse elemento, aliado a todo o tempo que estive em sala de aula e o ano de gestão 2007-2008 tenham contribuído para uma identificação de alunos e pais com meu trabalho.
Blog: Todos dizem que o CERMN ficou mais organizado com tua gestão. Porém, ainda essa mudança não refletiu no IDEB, onde obteve apenas 2,9 de nota. O que falta ao CERMN para se transformar numa Escola de qualidade de ensino?
O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) foi medido no CERMN somente até 2007, numa referência ao ensino fundamental, que o CERMN não oferta mais. A Secretaria da Educação está utilizando um mecanismo de acompanhamento e avaliação, o chamado PAIP (Projeto de Monitoramento, Acompanhamento, Avaliação e Intervenção Pedagógica na Rede Estadual de Ensino da Bahia), que tem como meta fortalecer a melhoria da gestão, da co-gestão e dos processos pedagógicos, em 100% das unidades escolares, nos seguintes aspectos: rendimento escolar, frequência, evasão, abandono, cumprimento da matriz curricular referenciada, entre outros. Para isso, todas as escolas fizeram um plano de intervenção em suas jornadas pedagógicas, a partir dos dados coletados no ano anterior. Nesses dados, identificamos elementos positivos como o índice de aprovação satisfatório, mas também situações preocupantes, como a grande evasão no turno noturno. Externamente, vemos que muitos alunos do CERMN têm obtido aprovação em universidades públicas e faculdades particulares, e têm sido destaque nas atividades profissionais que desenvolvem. O que falta? Talvez a plenificação da gestão democrática e participativa. Só num ambiente assim, os problemas são minorados e as boas práticas são ampliadas.
Blog: O modelo de ensino no Brasil ainda é muito preso à sala de aula, mas você tenta romper com o paradigma tradicional. É comum ver você engajada em movimentos sociais e políticos. Você participou ativamente na campanha da Deputada do PT, Neusa Cadore, ajudou a organizar o protesto que fechou a BA 52, cobrando sinal de telefonia móvel e participa de um grupo de esquerda intitulado de Militância Vermelha. Qual a importância dessa militância em causas coletivas?
A Militância Vermelha começou como um grupo de campanha eleitoral, mas não se limita a isso. Como a formação de grande parte dos membros é advinda do movimento social, as inquietações estão presentes o tempo todo. Há exato um ano, em 13/05/2011, realizamos o I Fórum das Organizações Sociais de Serra Preta, onde discutimos alternativas viáveis para o desenvolvimento sustentável no município e a importância da participação das entidades civis organizadas. Esse momento foi muito importante para consolidar a Militância Vermelha enquanto grupo político e social. A Militância preza pela participação, acredita que a gestão democrática é o alicerce para a construção de um governo popular.
Blog: Esse ativismo social gerou especulação de que você será candidata em 2012. É verdade que o povo terá uma opção de votar numa professora idealista?
Nívea apoiou a candidatura da Deputada Neusa Codore
Acho que as mulheres podem sim ocupar os espaços formais de exercício da democracia. Como estudante de Gestão Pública, penso que todas as formas de melhorar as políticas públicas e a vida das pessoas são válidas, seja militando nos movimentos sociais ou assumindo uma carreira pública.
Blog: Há dias, através do blog Conecta Serra Preta, seu nome foi lembrado como uma possível candidata a vereadora ou prefeita de Serra Preta. Tal informação gerou admiradores e adversários, inclusive foi alvo de algumas citações preconceituosas e bairristas. Como você analisa a questão de gênero na política local e o fato de ter nascido em outro município e se tornar uma referência em Serra Preta?
Ser mulher numa sociedade patriarcal, machista e sexista já é um desafio. E ser uma mulher na política é algo muito mais difícil. Pra nós da Militância Vermelha, a questão de gênero é algo central. 50% dos nossos candidatos a vereadores são mulheres. Quanto ao fato de não ser natural de Serra Preta, encaro o discurso do “forasteiro” como algo bastante ultrapassado. Quantas pessoas de Serra Preta moram foram do município? Quantas pessoas de Serra Preta conseguiram ficar no município e ter êxito em suas profissões? Isso tudo é muito relativo. Há uns dias, postei numa rede social um poema de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa:
"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura”.
Nívea Maria estimula a participação das mulheres na política
É preciso que ampliemos nosso campo de visão para além da nossa aldeia. Sou mairiense com muito orgulho, sou baiana, sou nordestina, sou brasileira, sou cosmopolita. E Serra Preta, apesar de não ser meu berço, é meu lugar. Foi o lugar que escolhi.
Blog: Já foi muito explorado a decadência ideológica do PT local e sua submissão ao prefeito atual. Você se envolveu diretamente na possibilidade de manter o partido soberano, já os que foram seduzidos pelo prefeito diziam que a aproximação fazia parte de uma estratégia de poder. Como você avalia o resultado dessa luta política?
Independentemente de agremiação partidária, a luta continua. Nosso projeto (o da militância vermelha) não é um projeto de ganhos pessoais, mas de melhoria coletiva. Pra mim, essa é uma ética, antes de tudo, cristã.
Blog: No geral, toda professora termina sua aula do dia lançando uma missão para os próximos encontros. Aqui não podia ser diferente. Qual a expectativa que você espera ver o povo de Serra Preta realizar em curto prazo?
Serra Preta tem muita gente inteligente, capaz, espalhadas por esse Brasil afora. Gente que muitas vezes saiu por falta de oportunidade de ficar no seu lugar. Eu sonho com uma Serra Preta livre. Livre das amarras do coronelismo tardio. Livre do domínio do milhão contra o tostão. Livre de todo tipo de dominação. O povo de Serra Preta precisa afirmar sua identidade e tomar as rédeas do seu próprio destino. É isso.
Entrevista, via e-mail, da professora Nívea Maria ao Blog do Mário Angelo.
Fonte: Blog Marioangeleobarreto.
"As mulheres podem sim ocupar os espaços formais de exercício da democracia".
Formada em Letras Vernáculas pela UEFS, Pós-graduada em Língua Portuguesa, Graduanda em Gestão Pública na UFRB. Nívea, como é mais conhecida, dirige o CERMN com afinco, profissionalismo e sempre buscando parcerias com a comunidade. Com apenas 36 anos, a jovem educadora se diz inquieta com as questões sociais e buscou na religiosidade cristã os primeiros passos para uma consciência crítica do mundo que o cerca. Além da luta política, a professora Nívea Maria adora ouvir música, navegar na internet, ver filmes, estar com minha família e amigos e, claro, ler. Vale a pena acompanhar!
Blog: Nívea, se fosse para escrever um prefácio sobre a sua biografia o que você abordaria?
No início da década de 90, os grupos de jovens da Igreja Católica ainda eram formados com uma grande influência da Teologia da Libertação, que pregava uma fé engajada, fé com ação. Foram nesses espaços da PJMP (Pastoral da Juventude do Meio Popular) e das CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base), em Mairi, que se deu minha formação política inicial. Na vivência de grupo, nos encontros de formação, nas visitas às comunidades, nas atividades para a juventude, construí minha identidade e sabia que não podia mais recuar, que tudo que fizesse em minha vida, deveria ter um propósito coletivo maior, de transformação social. A partir da PJMP e de outras entidades organizadas, rurais e urbanas, em 1995 participei diretamente da fundação do Partido dos Trabalhadores. Entendíamos que se quiséssemos mudar algo, deveríamos procurar os meios de ocupar os espaços formais, para além do movimento social. Em Feira de Santana, no final da década de 90, fiz parte da Cáritas Diocesana, entidade ligada à CNBB, que desenvolvia na diocese trabalhos voltados para a prevenção de DST/AIDS e acompanhamento de soropositivos. Além disso, também desenvolvia trabalhos relacionados à convivência com semiárido. Sempre fui uma inconformada nata. Com as injustiças, com a permanência das coisas. Eu gosto mesmo é do movimento, da mudança.
Blog: Atualmente transferiu sua cidadania para Serra Preta. Como uma jovem de Mairi veio a construir laços por aqui?
Nos anos 2000, cheguei em Serra Preta. O primeiro encontro regional do Partido dos Trabalhadores que participei foi no Bravo. Lá estavam Jaques Wagner, Walter Pinheiro, Waldir Pires, Zilton Rocha, Zezéu Ribeiro e tantos companheiros que hoje ainda continuam na luta. Nessa época, ainda me apresentava como representante de Mairi. Ainda era filiada lá e ainda participava das atividades do Partido. Foi muito duro sair, “expatriar-me”. Essa é uma sensação que grande parte dos jovens que vivem nas pequenas cidades da Bahia experimenta até hoje. Deixar sua vida, seu caminho, sua história pra trás, pra construir outra vida, outro caminho, outra história não é fácil. Infelizmente, as grandes cidades ainda concentram serviços e postos de trabalho. Essa escolha por Serra Preta tem a ver com um desejo de voltar. Voltar pra um lugar onde você pode fazer parte de uma comunidade, pode ajudar essa comunidade a ser melhor, e pode aprender a ser melhor com ela. E assim foi. No meu trabalho, sempre busquei fazer como aprendi no movimento social, como aprendi nas comunidades. Em Serra Preta, me sinto em casa.
Blog: Eu estudei no CERMN e por muitos anos, a escola era uma instituição fechada, controlada por uma casta. Lembro-me que a primeira reunião entre Direção e alunos foi provocada por mim e minha turma do terceiro ano em 1994. Recentemente, você surpreendeu, assumindo a Direção através de eleição. Quais fatores tornaram possível tal conquista?
As mudanças feitas no governo Jaques Wagner permitiram uma rotatividade na ocupação dos cargos comissionados. Inicialmente através de indicação e seguidamente pela Eleição Direta de Gestores Escolares. Esse foi um momento ímpar de exercício de um dos aspectos da democracia, que é o voto. Minha trajetória no CERMN sempre foi marcada pela proximidade com o Movimento Estudantil. Na criação do Grêmio Livre Antonio Conselheiro, colaborei com os meninos e meninas, a partir da minha experiência pessoal com grêmio, quando era estudante e participava da Pastoral da Juventude. Acredito que esse elemento, aliado a todo o tempo que estive em sala de aula e o ano de gestão 2007-2008 tenham contribuído para uma identificação de alunos e pais com meu trabalho.
Blog: Todos dizem que o CERMN ficou mais organizado com tua gestão. Porém, ainda essa mudança não refletiu no IDEB, onde obteve apenas 2,9 de nota. O que falta ao CERMN para se transformar numa Escola de qualidade de ensino?
O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) foi medido no CERMN somente até 2007, numa referência ao ensino fundamental, que o CERMN não oferta mais. A Secretaria da Educação está utilizando um mecanismo de acompanhamento e avaliação, o chamado PAIP (Projeto de Monitoramento, Acompanhamento, Avaliação e Intervenção Pedagógica na Rede Estadual de Ensino da Bahia), que tem como meta fortalecer a melhoria da gestão, da co-gestão e dos processos pedagógicos, em 100% das unidades escolares, nos seguintes aspectos: rendimento escolar, frequência, evasão, abandono, cumprimento da matriz curricular referenciada, entre outros. Para isso, todas as escolas fizeram um plano de intervenção em suas jornadas pedagógicas, a partir dos dados coletados no ano anterior. Nesses dados, identificamos elementos positivos como o índice de aprovação satisfatório, mas também situações preocupantes, como a grande evasão no turno noturno. Externamente, vemos que muitos alunos do CERMN têm obtido aprovação em universidades públicas e faculdades particulares, e têm sido destaque nas atividades profissionais que desenvolvem. O que falta? Talvez a plenificação da gestão democrática e participativa. Só num ambiente assim, os problemas são minorados e as boas práticas são ampliadas.
Blog: O modelo de ensino no Brasil ainda é muito preso à sala de aula, mas você tenta romper com o paradigma tradicional. É comum ver você engajada em movimentos sociais e políticos. Você participou ativamente na campanha da Deputada do PT, Neusa Cadore, ajudou a organizar o protesto que fechou a BA 52, cobrando sinal de telefonia móvel e participa de um grupo de esquerda intitulado de Militância Vermelha. Qual a importância dessa militância em causas coletivas?
A Militância Vermelha começou como um grupo de campanha eleitoral, mas não se limita a isso. Como a formação de grande parte dos membros é advinda do movimento social, as inquietações estão presentes o tempo todo. Há exato um ano, em 13/05/2011, realizamos o I Fórum das Organizações Sociais de Serra Preta, onde discutimos alternativas viáveis para o desenvolvimento sustentável no município e a importância da participação das entidades civis organizadas. Esse momento foi muito importante para consolidar a Militância Vermelha enquanto grupo político e social. A Militância preza pela participação, acredita que a gestão democrática é o alicerce para a construção de um governo popular.
Blog: Esse ativismo social gerou especulação de que você será candidata em 2012. É verdade que o povo terá uma opção de votar numa professora idealista?
Nívea apoiou a candidatura da Deputada Neusa Codore
Acho que as mulheres podem sim ocupar os espaços formais de exercício da democracia. Como estudante de Gestão Pública, penso que todas as formas de melhorar as políticas públicas e a vida das pessoas são válidas, seja militando nos movimentos sociais ou assumindo uma carreira pública.
Blog: Há dias, através do blog Conecta Serra Preta, seu nome foi lembrado como uma possível candidata a vereadora ou prefeita de Serra Preta. Tal informação gerou admiradores e adversários, inclusive foi alvo de algumas citações preconceituosas e bairristas. Como você analisa a questão de gênero na política local e o fato de ter nascido em outro município e se tornar uma referência em Serra Preta?
Ser mulher numa sociedade patriarcal, machista e sexista já é um desafio. E ser uma mulher na política é algo muito mais difícil. Pra nós da Militância Vermelha, a questão de gênero é algo central. 50% dos nossos candidatos a vereadores são mulheres. Quanto ao fato de não ser natural de Serra Preta, encaro o discurso do “forasteiro” como algo bastante ultrapassado. Quantas pessoas de Serra Preta moram foram do município? Quantas pessoas de Serra Preta conseguiram ficar no município e ter êxito em suas profissões? Isso tudo é muito relativo. Há uns dias, postei numa rede social um poema de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa:
"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura”.
Nívea Maria estimula a participação das mulheres na política
É preciso que ampliemos nosso campo de visão para além da nossa aldeia. Sou mairiense com muito orgulho, sou baiana, sou nordestina, sou brasileira, sou cosmopolita. E Serra Preta, apesar de não ser meu berço, é meu lugar. Foi o lugar que escolhi.
Blog: Já foi muito explorado a decadência ideológica do PT local e sua submissão ao prefeito atual. Você se envolveu diretamente na possibilidade de manter o partido soberano, já os que foram seduzidos pelo prefeito diziam que a aproximação fazia parte de uma estratégia de poder. Como você avalia o resultado dessa luta política?
Independentemente de agremiação partidária, a luta continua. Nosso projeto (o da militância vermelha) não é um projeto de ganhos pessoais, mas de melhoria coletiva. Pra mim, essa é uma ética, antes de tudo, cristã.
Blog: No geral, toda professora termina sua aula do dia lançando uma missão para os próximos encontros. Aqui não podia ser diferente. Qual a expectativa que você espera ver o povo de Serra Preta realizar em curto prazo?
Serra Preta tem muita gente inteligente, capaz, espalhadas por esse Brasil afora. Gente que muitas vezes saiu por falta de oportunidade de ficar no seu lugar. Eu sonho com uma Serra Preta livre. Livre das amarras do coronelismo tardio. Livre do domínio do milhão contra o tostão. Livre de todo tipo de dominação. O povo de Serra Preta precisa afirmar sua identidade e tomar as rédeas do seu próprio destino. É isso.
Entrevista, via e-mail, da professora Nívea Maria ao Blog do Mário Angelo.
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